3.4 A Desobsessão e sua Função

Obsessores são como visto, parte do mundo espiritual e do mesmo modo que existem prisões no mundo encarnado como é preciso que tenham os filhos possibilidade de se protegerem dos obsessores.

Muitas vezes os terreiros Umbandistas são vistos com desconfiança exatamente pelo fato de deixarem claro que entre seus objetivos e objetivos de suas demandas esta sim, o de afastar obsessores dos filhos.

E mais, se não houver a possibilidade de realizar este afastamento pela simples palavra dita, pelo ensinamento passado, as entidades que trabalham junto a Umbanda o realizarão utilizando a força bruta, usando para produzi-la não apenas pontos e preces, mas também trabalhos que transformam elementos físicos em energia pura.

Portanto filhos, trabalhos sem sangue são bem vindos e utilizados nos terreiros Umbandistas porque necessários ao combate das forças negativas, conforme já explicitado no Livro 1*.

Perguntam ainda os filhos, se os espíritos obsessores serão sempre encaminhados a luz. Seria ótimo se isso ocorresse sempre que os obsessores são afastados de suas vitimas, mas infelizmente não é o que acontece na grande maioria das vezes, principalmente quando o espírito obsessor é um trevoso e não simplesmente uma alma que desavisada se utiliza de outra alma encarnada para obter apoio e estrutura.

Espíritos trevosos ou quiúmbas (não se ira utilizar esse termo pelos motivos já expostos no Livro1**), são almas desencarnadas que tem por objetivo consciente a realização do mau, recebendo para isso paga ou simples satisfação própria.

Entre eles encontram-se aqueles detentores das forças vibracionais mais pesadas e baixas, que praticamente se materializam de tão densas que são suas vibrações.

E não se enganem filhos que todos esses espíritos são seres bestiais ou deformados, como muitas vezes se apresentam nos terreiros. Uma grande parte deles possui um grau de requinte e inteligência extremamente elevado, utilizando-se então desses dois elementos para conseguirem seus objetivos. E esses trevosos são na maioria das vezes os mais perigosos porque, se apresentam e utilizam de sua inteligência para convencer e seduzir suas vitimas diminuindo e muito as chances de defesa.

Portanto filhos muito cuidado com trevosos que se apresentam com falas corretas e vestes belas, pois são tão ou mais perigosos do que aqueles que se mostram bestiais e deformados.

Os obsessores não precisam ser necessariamente espíritos trevosos, mas simplesmente almas que, perdidas, não conseguiram se desligar da esfera terrena e acompanham os encarnados como se encarnados também fossem, causando inúmeros dissabores, cansaço e perturbações em suas vitimas, mesmo que intencionalmente não pretendam realizar o mau.

Aqui podem ser incluídas as almas que não se conformam com o desencarne, aquelas que não conseguem se separar dos seus, ou ainda espíritos que em vida nutriram algum vicio e que agora desencarnados precisam se utilizar de almas encarnadas para conseguirem mesmo que em doses menores a sensação do prazer do vicio. Essa sensação é ínfima posto que se alimentam das vibrações emitidas por outros filhos viciados, pois não possuem mais corpo físico para poderem sofrer as alterações físicas decorrentes da pratica do vicio.

Esses espíritos desencaminhados muitas vezes encontram-se perdidos e sem um objetivo claro a não ser tentar prosseguir em uma atividade ou companhia que tiveram no mundo material.

Entre eles estão aqueles que tem a consciência que não são agradáveis e atrapalham os espíritos encarnados com sua presença e outros que simplesmente não tem conhecimento e consciência disto, sendo que, em diversas vezes acreditam estarem auxiliando o espírito obsediado.

Enquanto os primeiros aceitam o fato de que estão prejudicando as almas vitimas, mas entre seu bem estar e o da vitima optam pelo primeiro, os segundos simplesmente desconhecem que sua presença e atitude estão atrapalhando seres por eles inclusive amados e, como inocentes, procuram ajudar suas vitimas não percebendo que estão a lhes fazerem cada vez mau maior.

Portanto aqui se ira realizar a separação dos obsessores em trevosos, desencaminhados conscientes e desencaminhados inconscientes.

Os mais fáceis de serem conduzidos a luz e que muitas vezes o são em trabalhos de simples doutrinação e ensinos são os desencaminhados inconsciente, que ao tomarem conhecimento da real situação e da forma de resolução, se afastam procurando sempre auxiliar o seu desenvolvimento repudiando o mau que estavam fazendo ainda que de forma não intencional a suas vitimas.

O mesmo ocorre em algumas vezes com espíritos desencaminhados conscientes que, já cansados do sofrimento e não conseguindo mais obter auxilio as suas dores pela obsessão buscam outra forma de aliviá-las e então, escutam as palavras e procuram seguir a luz porque ela parece mais efetiva que o caminho que vem trilhando.

E outras vezes, simplesmente desistem de obsediar aquela alma que procurou ajuda em uma casa espiritual simplesmente porque é muito difícil desarmar as defesas que agora, por meio do trabalho realizado se tornam mais fortes. E então procuram outra vitima mais desprotegida e fácil, do mesmo modo que ladrões preferem portas sem cadeados do que as trancadas.

Nesses casos a simples palavra e doutrina se apresenta eficaz e não é a toa que centros kardecistas tem tamanho sucesso em obsessões realizadas por tais almas.

Ocorre que, infelizmente, como se verá a seguir, uma parte dos obsessores não se contentam com palavras e elas simplesmente não surtem qualquer efeito, sejam em missas católicas ou em centros espíritas.






“Na feira vendem alface, maça e pimenta.
Com a alface fiz salada, com a maça a sobremesa.
A pimenta não comprei, mas ela veio na sacola.
Porque na feira vendem alface, maça e pimenta.”

* - Livro: Umbanda para a Vida: Primeira Leitura dos Fundamentos Umbandistas, página 44,A Força do Ritual.
** - Livro: Umbanda para a Vida: Primeira Leitura dos Fundamentos Umbandistas, página 107, A Quimbanda, “Aqui prefere-se ao invés de quiumba, utilizar ...”