2.10 A Gratidão em Forma de Vibração


O filho deve sempre ser grato, mesmo quando tudo parece ruir a sua volta, porque dele não foi retirado o principal: a chance do recomeço.

Ai está à grande forma de imantação: a chance de recomeçar, de tentar novamente. É dado aos filhos a possibilidade de uma segunda, terceira ou quarta chance.

Não que a cada chance seja igual o peso da paga, porque em cada caída, o preço pago será, obviamente, maior. Mas esse é o grande milagre que se realiza todos os dias na vida dos filhos: a chance de ter um novo recomeço.

A Umbanda é sempre fundamental o fato do recomeço não só ser possível como desejável. Como já dito no livro anterior cabe ao filho e unicamente ao filho o seu próprio perdão, mas mesmo sendo esse obtido, deverá ele a paga dos erros que cometeu.*

A paga é importante para que os recomeços possam ser sempre possíveis. É a paga que possibilita o recomeço.

E isso é Lei filhos: nenhuma paga será tão grande que impossibilite o recomeço. A todas as almas é dada a possibilidade de recomeçar, mesmo que constantes e grandes sejam seus tombos.

E a paga, por maior que seja não pode obstar o recomeço, para ser alcançado o aprendizado.

Não se esta falando aqui de perdão pelos erros. Não existe o perdão que se não o do próprio filho em reconhecer as falhas e perdoar a si mesmo. Mas mesmo existindo este perdão não consegue ele obstar a paga.

Ela é conseqüência natural do erro, da queda. E somente na paga é que os erros são resgatados e realizada a evolução.

A paga é uma das formas de evolução e, portanto, dos erros não se pode tirar essa característica.

O perdão do filho aqui engloba também se permitido recomeço, mesmo que seja apenas para realizar a paga. O filho que reconhece seus erros e deles se arrepende, encontra-se no caminho para efetuar o recomeço e a paga.

E isso é o mais importante: o recomeço.

É fundamento e lei na Umbanda, dentro da lei do Karma, que todos os filhos possam recomeçar e que a paga nunca seja tão grande que lhes retire essa possibilidade.

Por mais que a paga seja mais longa que a encarnação onde houve o recomeço ainda assim, ela nunca obsta esse recomeço, pois pode ser resgatada em outras e novas encarnações.

Mas esse recomeço para a realização do resgate deve-se dar rapidamente. Quanto mais houver demora, maior o sofrimento. Isso porque o sofrimento é uma das formas de enviar a alma ao recomeço.

A percepção desse fato é o que faz toda a diferença.

Não se esta falando aqui que não haverá paga. Não cabe, se não ao filho, perdoar a si mesmo e esse perdão não levará a inexistência de paga.

Mas o perdão dado a si mesmo faz com que o recomeço possa ser mais breve já a consciência de que esse recomeço irá trazer a paga é forma de torná-lo mais claro e , quando pesada for, a consciência de que estará sendo efetiva para o resgate.

O resgate kármico ira se realizar invariavelmente. Sempre é possível a alma errante conseguir a paga a seus erros, mesmo que isso demore mais que várias encarnações. O começo deve ser o mais breve possível para que a alma possa obter a paz o quanto antes.

Algumas vezes as almas que foram prejudicadas pelo espírito do filho, quando desencarnadas poderão acompanhar o mesmo, esperando que a vingança se faça dessa forma, alimentados por ódio e desejo de revanche.

E muitas dessas almas não são seres trevosos ou não iluminados, apenas não possuem a consciência que não serão elas que impingirão á paga ao filho que as prejudicou, mas a própria lei o karma.

Então cultivam a raiva acreditando que assim estarão impingindo a paga. Mas com tal atitude somente impingem a sua própria alma mais sofrimento e desespero, pois perdem seu rumo em energias vibracionais não condizentes com uma efetiva evolução.

E muitas vezes também não conseguem entender que se cruzaram os destinos e as almas são porque algum motivo maior existia e não cabe a elas tentar impingir a dor e o mau.

Mas não são somente almas desencarnadas que procuram desesperadamente a vingança.

Os filhos encarnados, muitas vezes dedicam anos e encarnações em busca de uma vingança que não deve ser por eles executada. Esquecem de realizar a própria evolução e não suficiente terem sido machucados por essas almas errantes, ainda dão a elas maior poder, o de atrelar toda a encarnação em busca da vingança.

Filhos a lei é clara: a paga se fará pela lei kármica e não por qualquer outra alma também em evolução que também possui, mesmo que menores, erros.

Então filhos esqueçam sentimentos e atitudes de vingança, deixem que a paga se faça pela lei de resgate e continuem suas próprias vidas, por mais difícil que possa parecer.

Isso é conhecimento; a paga virá e não será pelas mãos de outra alma. Essa certeza leva a libertação da alma que então poderá seguir seu caminho sem que precise entrelaçar ao seu, outros karmas ainda mais pesados.

Quantas almas deixam passar encarnações sem que tenham noção de que uma perseguição mutua somente leva a novos erros e a existência de mais dor e novos resgates?

Se o filho confiar inteiramente na lei exposta, encontrará a liberdade.

Por esse motivo a pena de morte não é admitida na Umbanda. Porque não cabe a outro ser encarnado retirar de uma alma a possibilidade dela, naquela mesma reencarnação efetuar o recomeço e a paga.

A pena de morte tira da alma um direito básico que é a do recomeço imediato na encarnação em que se encontra o filho e, portanto fere as leis da Umbanda.

E essas penas somente trazem para a sociedade executora, uma nova continuidade do erro, porque retiram das almas a possibilidade de recomeço naquela mesma encarnação.

Efetivamente o recomeço pode se efetuar na mesma encarnação em presídios, mas não em um tumulo. E então mais demorado se fará essa paga.

E filhos, certos de que o recomeço poderá trazer a redenção e que a paga se fará pela lei kármica, então se livrem dos ódios e da necessidade de vingança, pois por essa lei, vingados estarão, sem que para isso precisem agregar a seu karma novos resgates, ou ainda a seu espírito vibração não condizente com a evolução pretendida.

Essa lei se aplica igualmente aos filhos que pretendem o recomeço. Estejam certos que haverá uma paga e muitas vezes ela não será fácil, mas essa paga nunca impossibilitará o recomeço, assim o resgate poderá ser efetuado imediatamente.

Para isso basta que o filho que cometeu o erro seja sabedor dessa lei: que deverá sim efetuar a paga, mas poderá recomeçar a fazê-lo de imediato e que ela sempre será possível, mesmo que demore encarnações, mas quanto mais rápido ela for feita mais rápido será seu termino e a recuperação da efetiva evolução alem do próprio resgate.

É importante também que os filhos que irão desencarnar brevemente e procuram nesses ensinamentos fundamentos para realizá-la de forma tranqüila e entendam que não caberá a eles, quando desencarnados, tentarem realizar a paga dos que erraram.

E essas palavras são especialmente dirigidas aos que tem seu desencarne como breve realidade: livrem-se de sentimentos de vingança e entendam o quanto antes, que a paga será feita naturalmente.

Não é necessário expressar aos merecedores de seu ódio tal realidade, mas sim e mais importante é que se façam sabedores disso, para que possam em seus desencarnes estarem cientes de que utilizarão essa nova fase para evolução e não para criação de novos karmas.







“Aos devedores minhas escusas, mas não sou cobrador.
Realizem eles às suas próprias moedas.
Não serei quem apontara o revolver. Faz muito, aposentei o meu.“


* - Livro: Umbanda para a Vida: Primeira Leitura dos Fundamentos Umbandistas, página 17, A Força do Perdão e a Força de sua Inexistência